Mitski- Laurel Hell

Artista: Mitski
Álbum: Laurel Hell
Gravadora: Dead Oceans
Lançamento: Fevereiro /2022

Com já conquistado espaço na mídia e no coração dos fãs, a cantora americana Mitski veio aos poucos tomando seu espaço e trazendo atenção de fãs e crítica com suas letras bem pensadas e seu som que mescla rock com pop em melodias cativantes, surpreendentes com sua voz suave mas trazendo as melhores confissões. Embora já tenha alguns álbuns no currículo, foi em Puberty 2 (2016) que atingiu o mainstream e com o ótimo Be The Cowboy (2018) que conquistou de vez seu espaço, e assim a fama e shows lotados começaram a fazer parte se dua rotina.

No sexto álbum de sua carreira, Mitski então explora todo o tumulto do final de um relacionamento somado às suas impressões da fama junto com o dilema de tentar se entender. Chamado Laurel Hell, para designar o inferno destes momentos junto com raios (heat lightnigs) que mostram o tormento interno, Mitski abraça a sonoridade dos anos 80 usando e abusando de sintetizadores para contar sua história. Com produção de Patrick Hyland, nós escutamos Laurel Hell, e segue então nossa resenha faixa a faixa:

1 Valentine, Texas// “Let’s step carefully into the dark/Once we’re in, I’ll remember my way around”

Abrindo o álbum com uma frase impactante, preparando o ouvinte para entrar na escurião com ela. Com um instrumental pesado quue cresce no segundo verso com bateria, guitarra e sintetizadores. Com imagens de diabos feitos de poeiras e pó como nuvens que perturbam a cantora, que espera que tudo teha um fim logo.

2 Working For The Knife// “I used to think I would tell stories/But nobody cared for the stories I had about/ No good guys”

O primeiro single de Laurel Hell mostra Mitski ressentindo ter escolhido a vida da música ao invés do cinema, que estavam nos planos originais de vida da cantora. Tocando cripticamente em temas como depressão, e trabalhar para Knife (gravadoras?, mundo corporativo?) o que a faz se sentir mal…Já o som Mitski usa e abusa de sintetizadores e usa guitarras para dar um toque mais dark na canção e o piano para toques mais serenos. A canção é bem trabalhada instrumentalmente e tem um bom solo de guitarra, que fez uma ótima escolha para single.

3 Stay Soft// “Open up your heart/Like the gates of Hell”

O single mais recente do album, mais animado com um bom piano dando as dramaticidades da canção e uma batida boa de sintetizadores em uma ótima música pop. Com letras que falam sobre vulnerabilidade e sexualidade, do jeito de usar sexo como superar dores e traumas. Mitski, de propósito, fez uma canção dançante para contrastar com o tema pesado das letras.

4 Everyone// “And I left the door open to the dark/ I said, “Come in, come in, whatever you are””

Bateria eletrônica e sintetizadores dão o tom pesado para a canção. Nas letras de “Everyone”, Mitski contempla sobre sua escolha profissional, abraçando o desconhecido e toda a “escuridão” da profissão, assim como sua vulnerabilidade com sua fama. O instrumental reflete bem a densidade sos sentimentos de Mitski e aquele toque de tristeza.

5 Heat Lightning//”There’s nothing I can do, not much I can change
I give it up to you, I surrender

Balada que tem uma pegada meio Bat For Lashes com uma batida bem discreta e um som que os instumentos começam a crescer, principalmente no refrão da canção. As letras mesclam a confissão de Mitski em saber que o relacionamento não está dando certo junto com uma noite de insônia e as tempestades internas e externas acontecendo ao mesmo tempo.

6 The Only Heartbreaker//“But I think for as long as we’re together/I’ll be the only heartbreaker”

O single “The Only Heartbreaker” é mais um exemplo de faixa super inspirada nos anos 80 com os sintetizadores e a batida típica da década. As letras falam sobre toda a culpa que Mitski leva em seu relacionamento, após cometer alguns erros que não são bem vistos pelo parceiro. Com alguns tons de tristeza e vulnerabilidade, a canção conquista com os vocais e iinterpretação de Mitski, junto com as batidas e o belo solo de guitarra mas para o final da canção.

7 Love Me More//“I need you to love me more/ Love me more, love me more”

Mais um single de Laurel Hell, “Love Me More” também mergulha na estetic dos anos 80 com os sintetizadores tanto na batida quanto na melodia do refrão, assim como os detalhes em teclados. As letras tocam sobre seu isolamento e suas consequencias, além do fato de seu parceiro não amá-la como deveria. Canção que cresce e conquista bem o ouvinte no refrão.

8 There’s Nothing Left Here For You//”There’s nothing left for you/Nothing in this room/Try and go outside/Nothing waits for you”

Mais uma balada que começa com sintetizador e voz e uma batida que logo cresce para uma banda completa e baterias explodindo no refrão. Nas letras, Mitski fala para seu antigo namorado dar todo seu amor e dedicação à sua nova namorada, e que não há nada para buscar nela. Dramáica, mas uma canção bem bonita.

9 Should’ve Been Me// “Well, I went through my list of friends and found/ I had no one to tell
Of this overwhelming clean feeling/Strange serenity”

Divertida com uma melodia na introdução da canção, “Should’ve Been Me” tem Mitski se distanciando de sí mesma e se analizando em seu relacionamento e vendo que não se dedicou o suficiente para salvar seu relacionamento. Uma ótima canção pop com instrumentos brilhando no refrão, e levando o ouvinte a dançar nas aungústas de Mitski.

10 I Guess// “I guess, I guess/I guess this is the end/I’ll have to learn to be somebody else”

Mais uma balada para o álbum, em “I Guess”, Mitski canta com um fundo pesado de sintetizadores sobre o final de um relacionamento. Direcionado à uma pessoa, ou sobre sua carreira musical, Mitski agradece e como um luto, aprecia o silêncio…

11 That’s Our Lamp// “We fought again/I ran out the apartment/You say you love me
I believe you do/ But I walk down and up and down/ And up and down this street

Em uma canção agitada em que a lâmpada serve como metáfora para um amor, Mitski canta sobre o fim do relacionamento após algumas brigas. O instrumental é bem variado, divertido e bem rico, lembrando um pouco a Mitski de Be The Cowboy. O encerramento da canção dá um ar mais feliz para um álbum tão intenso.

Como sempre falamos, fim de relacionamento rende álbuns, e Laurel Hell aborda bem o inferno que podemos passar ao terminar um relacionamento, embora muitas das canções também podem ser interpretadas como a relação da cantora com sua carreira, especialmente com a fama que a cantora enfrentou após Be The Cowboy. Mitski continua a fazer músicas curtas mas explosivas, sem a estrutura clássica de música, apostando em versos e no poder se suas letras e interpretações.

Mergulhando na estética dos anos 80, Mitski usa e abusa dos sintetizadores para criar esta atmosfera pesada e todos os tumultos pessoais que está passando. Embora algumas canções se destacam principalmente pela interpretação de Mitski, confesso que escolher os sintetizadores típico dos anos 80 ez parecer a música da cantora como um flashback, já que Mitski não moderniza ou incorpora seu som de maneira única ao seu som, como artistas como Bat For Lashes, White Lies ou até nos projetos anteriores. Algumas das canções como as baladas “I Guess” e “There’s Nothing Left For You Here” também parecem muito simples, sem muita elaboração musical.

Quanto as letras, mais uma vez Mitski aposta em versos e sua poesia para contar suas histórias. Os singles trazem alguns bons exemplos de como Mitski pode ser concisa e contar bem seus sentmentos, impressões e experiências, mas muitas vezes não é tão óbvio para o ouvinte comum alguns detalhes da vida da cantora necessário para interpretar a canção (por exemplo a dificuldade com a fama em “I Guess” ou até no single “Working For The Knife”, detalhe que a cantora já estudou cinema e desistiu da carreira para a música.).

Embora o álbum não conquiste de cara como Be The Cowboy, Laurel Hell é denso e exige bem mais do ouvinte. O pesar das dores de Mitski adicionada pelos densos sintetizadores fazem boas das canções terem um certo momento/ hora para ser ouvida, embora algumas das canções/ singles mais agitados ainda conquiste fácil o ouvinte, E embora a cantora confirme nas entrelinhas que não problemas com a carreira e a fama, Laurel Hell ainda se coloca como um bom álbum mesmo não sendo tão cativante como seu trabalho anterior.