Cidades Musicais: Chico Bernardes (São Paulo)

Chico Bernardes faz um som folk carregado de sentimentos e observações da vida. O músico que lançou o primeiro álbum neste ano (2019), conversou um pouco com a gente e falou como São Paulo influencia nas suas observações e composições.

1. Qual é o seu relacionamento com a cidade? O que você gosta e odeia nela?

CB: Minha relação com a cidade é, como a pergunta já indica, de amor e ódio. Tem dias que a loucura paulista me deixa confuso, saturado de informação. Tem dias que acho isso lindo. Às vezes, no meio desse caos todo, dá pra achar um cantinho sossegado e gostoso. Gosto de procurar esses cantinhos pra tocar violão e compor. A variedade gastronômica da cidade é algo que adoro também, sempre vai ter um lugar novo, com um tipo de comida nova pra experimentar. E ainda têm momentos em que a gente se pega entediado, sem nada pra fazer. Vai saber…

2. Como a cidade que você vive é diferente das outras? O que há de especial nela?

CB: Como é uma grande e confusa megalópole, casa de um crescimento geográfico bastante desordenado e conturbado, é até difícil dizer qualidades sobre São Paulo como uma unidade. Acho que o que define ela pra mim é o ritmo acelerado e a falta de praia. Concreto puro. No meio disso, muitas paisagens inusitadas surgem também. Todo canto é novidade pros olhos.

3. A cidade ajuda a dar inspiração para escrever? Se sim, que músicas foram inspiradas em cidades?

CB: Meu pai sempre me falou pra gente “xeretar” a cidade, e acho que ele puxou isso da minha avó. Por mais que tenha meus momentos ativos pela cidade, gosto de sossego, então costumo escrever em cantos escondidos ou até mesmo fora da cidade. Acho que ela me ajuda a compor justamente por não me permitir escrever no meio de tanto, o que me faz buscar certos refúgios. Mesmo gostando de sossego, acho bom voltar pro agito, depois de um tempo.

4. Alguma canção lembra uma cidade da qual você viveu? Como você se sente?

CB: Tenho lembranças de pequeno, ouvindo “Magical Mistery Tour”, dos Beatles, no carro. Hoje consigo interpretar como uma mensagem diante da viagem que é navegar por São Paulo. Agitada e psicodélica.

5. Você acha possível conseguir fazer uma música que ressoe a todos e pela música a pessoa entender sentimentos e até um pouco do lugar que você vive?

CB: Acredito que, utilizando temas comuns entre as pessoas, sejam eles situações vividas, amores, tristezas, loucuras, frutos do ser humano, a chance de uma maioria se identificar pode vir a ser maior. Difícil dizer. Mas se a letra fala de uma cidade específica, referências aparentes nos versos podem fazer com que o ouvinte se identifique ou romantize o local, tudo dependendo se ele é de lá ou não.

Pergunta final: Qual é a sua música favorita que fala de sua cidade e que lugar você recomendaria para um turista?

CB: Acho que é “Aeroporto de Congonhas”, do Joelho de Porco. Além de ser um marco da minha infância, ainda é um rock fino e descritivo em relação à cidade.

Pra um turista, recomendaria o Bairro da Liberdade, próximo ao Centro. É um ótimo programa para todas as idades, além de ter muita comida boa e lojas pra visitar. É um pequeno contato com a cultura oriental que resulta em imenso prazer, sempre.

 

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